domingo, 26 de agosto de 2012

Give me Love


 
Give me love like never before,
'cause lately I've been craving more,
And it's been a while but I still feel the same,
Maybe I should let you go,
You know I'll fight my corner,
And that tonight I'll call you,
After my blood is drowning in alcohol,
No I just wanna hold you.
 
Ed Sheeran 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Transição




De uns tempos pra cá, as pessoas tem chegado até a mim para me dizer que estou diferente. Comentários como "ah, você não parece mais a mesma" ou "você parece ter mudado" se tornaram frequentes ultimamente. E o mais estranho de tudo isso é que eu também estou percebendo essa mudança. Eu me olho no espelho e não vejo mais aquela menina "fofinha", abobada e exibida... eu vejo uma mulher. Meu rosto, meu corpo e meu jeito de ser amadureceram, estou com apenas 19 anos e não imaginava que essa transição para a fase "adulta" estaria tão visível para mim e mais ainda para aqueles que me conhecem. Não sei se devo sentir um pouco de receio disso ou devo encarar numa boa, por que afinal de contas eu não quero deixar de ser quem eu sou. Passei a ser mais crítica e menos fora da realidade. Sinto uma sede de mudança incomparável, quase como se estivesse querendo fazer tudo ao mesmo tempo, como se o relógio não acompanhasse minha vontade de crescer. Não sei até onde isso vai dar e nem quão grande serão os resultados dessa mudança, pois embora isso esteja ocorrendo de forma gradual... as consequências poderão vir só mais tarde. Tomara que tudo se ajeite...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Batman vive!

 Aquele rapaz de 24 anos, aluno de doutorado em neurociências numa universidade dos Estados Unidos, que se mascarou de Batman e, num cinema, disparou a esmo com um fuzil automático, o que é, afinal? Um demente que matou 12 pessoas (entre elas uma criança de seis anos e a mãe grávida) e feriu 58? Ou mais um demoníaco personagem na extravagante história de crimes naquele país? Prevê a imprensa norte-americana que ele será sentenciado à morte, até mesmo para intimidar eventuais imitadores, mas de onde ele absorveu tanta maldade? De onde surgiu o horror?

Seu mestre não pode ter sido Batman. O Homem Morcego (como diziam os quadrinhos dos anos 1940) é um herói, um justiceiro humanista em luta contra o mal, nunca um vingador do absurdo ou um assassino voraz. Mas Batman é uma das fantasias do bem que povoam um mundo real de dura competição num país fundado na violência, que exterminou quase toda a população nativa, que se armou e guerreou sempre, que invadiu o vizinho México e anexou as partes mais ricas do território só porque lá abundava o petróleo. Aurora, no Estado do Colorado, é uma dessas antigas vilas mexicanas, agora tristemente universalizada pela tragédia.

Esses crimes em que o assassino nem conhece as vítimas e mata por matar têm sido comuns nos EUA. Até o assassinato coletivo de um ano atrás, na Suécia, foi diferente: o criminoso era um direitista que matou para protestar contra o governo socialista por aceitar imigrantes negros.

Qualquer dia, nos EUA, até o ratinho Mickey sai a caçar humanos ao acaso! Lá, vendem-se armas em qualquer lugar, como aqui se vende refrigerante. Por trás do moço de Aurora há mais de dois séculos de violência habitando o inconsciente coletivo. As centenas de milhares de civis mortos em Hiroxima e Nagasaki pelas bombas atômicas dos EUA compõem o quadro moderno da violência em que matar não é crime, mas “defesa”. Na África e no Oriente, diferentes governos e empresas dos EUA alimentam a morte vendendo armas e fomentando a rivalidade entre grupos étnicos.

Os EUA tornaram-se superpotência especializando-se na arte de matar e destruir. A bomba de nêutrons foi a simbiose do militarismo e do capitalismo: mata as pessoas, preservando os bens, como se isso servisse aos mortos... Toda a grande pesquisa tecnológica está centrada nas armas e destinada a destruir. Só depois de provada na morte, começa a ser aplicada à vida. Até a internet (a maravilha que aproximou o mundo) nasceu da necessidade de controlar o cosmos na Guerra Fria. A precisão da eletrônica, dos foguetes teleguiados que percorrem de um a um os cômodos de uma casa, desenvolveu-se para destruir. Foi provada, primeiro, na Guerra do Golfo e, anos depois, ampliada no Afeganistão e no Iraque.

Nem essa sofisticação, porém, evita que centenas de milhares de civis, crianças inclusive, sejam mortos pelas tropas dos EUA nesses dois países, por “erro técnico” ou simples “vingança”. Ninguém é responsabilizado por isto.

Na era moderna, a tecnologia é que mata. O combate corpo a corpo, à baioneta ou fuzil, é velharia da Segunda Guerra ou, hoje, coisa de africanos e asiáticos. Agora, aperta-se um botão e se cumpre o que o computador ordena diretamente da White House ou do Pentágono. Matam-se civis “em defesa” dos que guerreiam.

Tudo parece magia, como nas andanças de Batman. O selo do poder faz de quem mata um herói. Por que pensar, então, que o mocinho de Aurora é só um demente? Por que não pensar, também, que a História do seu país lhe serviu de guia e que, na loucura, nem veja que escureceu a luminosidade da aurora?

 
 Flávio Tavares - Jornalista e escritor