sábado, 20 de outubro de 2012

Tempos Modernos


A traição sempre aconteceu e não é uma exclusividade dos tempos modernos. Mas hoje, e essa é a frase mais triste que eu poderia dizer sobre esse assunto – é normal. É normal brincar com o coração alheio, a traição já virou rotina, aquela uma vez por semana na balada da quinta-feira, quando é mais fácil dar a desculpa sem imaginação do ‘trabalhei até tarde’. Já ouvi de mais de um amigo o conselho – não importa se ele disse que vai almoçar com a mãe, se vai no futebol ou fazer cerão no escritório: se ele não está com você, ele está te traindo.
Isso, meus amigos, é porque somos uma geração de covardes. Trair é almejar um estilo de vida que você não tem colhões para assumir. Não existe nada de errado em comer uma por noite, se é isso o que você quer. A parte cruel, a parte que realmente determina que seu caráter é praticamente inexistente, é manter uma pessoa ali por segurança. É brincar com as expectativas, com os sentimentos daquele único cara que se importou o suficiente para ficar.
Agora me diz: em que ponto da nossa vida nos tornamos completos idiotas sem compaixão? Estúpidos sem qualquer sentimento de identificação e simpatia com o outro a esse grau? É aí que entra o problema de uma geração inteira de homens e mulheres que hoje têm entre 25 e 35 anos. Ninguém mais se assume. O mundo está mais me parecendo uma grande sala da mãe, em que as crianças continuam ocupadas em quebrar o vaso preferido dela e esconder debaixo do sofá para que ninguém descubra.
by  @vanamedeiros

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A morte

         
           A maioria das pessoas não esta pronta para morte, a sua ou a dos outros. Ela as choca, as apavora. É como uma grande surpresa. Diabos, não deveria ser nunca. Levo a morte em meu bolso esquerdo. Às vezes, tiro-a do bolso e falo com ela: "Oi, gata, como vai? Quando vira me buscar? Vou estar pronto".
           Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam as suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouví-la. [...]

Charles Bukowski 

domingo, 16 de setembro de 2012

Não sou poucos...


Não são poucos os que morreram e que ainda morrerão sem nunca ter se entregue a um amor de verdade. Do tipo que te faz contrariar todos os seus falsos princípios, moralismos ou preconceitos que a bem da verdade, nunca te fizeram, ou o farão um dia mais feliz. Aquele do tipo que te faz sentir-se levado pela força mística, incontrolável de um amor arrebatador.

domingo, 26 de agosto de 2012

Give me Love


 
Give me love like never before,
'cause lately I've been craving more,
And it's been a while but I still feel the same,
Maybe I should let you go,
You know I'll fight my corner,
And that tonight I'll call you,
After my blood is drowning in alcohol,
No I just wanna hold you.
 
Ed Sheeran 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Transição




De uns tempos pra cá, as pessoas tem chegado até a mim para me dizer que estou diferente. Comentários como "ah, você não parece mais a mesma" ou "você parece ter mudado" se tornaram frequentes ultimamente. E o mais estranho de tudo isso é que eu também estou percebendo essa mudança. Eu me olho no espelho e não vejo mais aquela menina "fofinha", abobada e exibida... eu vejo uma mulher. Meu rosto, meu corpo e meu jeito de ser amadureceram, estou com apenas 19 anos e não imaginava que essa transição para a fase "adulta" estaria tão visível para mim e mais ainda para aqueles que me conhecem. Não sei se devo sentir um pouco de receio disso ou devo encarar numa boa, por que afinal de contas eu não quero deixar de ser quem eu sou. Passei a ser mais crítica e menos fora da realidade. Sinto uma sede de mudança incomparável, quase como se estivesse querendo fazer tudo ao mesmo tempo, como se o relógio não acompanhasse minha vontade de crescer. Não sei até onde isso vai dar e nem quão grande serão os resultados dessa mudança, pois embora isso esteja ocorrendo de forma gradual... as consequências poderão vir só mais tarde. Tomara que tudo se ajeite...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Batman vive!

 Aquele rapaz de 24 anos, aluno de doutorado em neurociências numa universidade dos Estados Unidos, que se mascarou de Batman e, num cinema, disparou a esmo com um fuzil automático, o que é, afinal? Um demente que matou 12 pessoas (entre elas uma criança de seis anos e a mãe grávida) e feriu 58? Ou mais um demoníaco personagem na extravagante história de crimes naquele país? Prevê a imprensa norte-americana que ele será sentenciado à morte, até mesmo para intimidar eventuais imitadores, mas de onde ele absorveu tanta maldade? De onde surgiu o horror?

Seu mestre não pode ter sido Batman. O Homem Morcego (como diziam os quadrinhos dos anos 1940) é um herói, um justiceiro humanista em luta contra o mal, nunca um vingador do absurdo ou um assassino voraz. Mas Batman é uma das fantasias do bem que povoam um mundo real de dura competição num país fundado na violência, que exterminou quase toda a população nativa, que se armou e guerreou sempre, que invadiu o vizinho México e anexou as partes mais ricas do território só porque lá abundava o petróleo. Aurora, no Estado do Colorado, é uma dessas antigas vilas mexicanas, agora tristemente universalizada pela tragédia.

Esses crimes em que o assassino nem conhece as vítimas e mata por matar têm sido comuns nos EUA. Até o assassinato coletivo de um ano atrás, na Suécia, foi diferente: o criminoso era um direitista que matou para protestar contra o governo socialista por aceitar imigrantes negros.

Qualquer dia, nos EUA, até o ratinho Mickey sai a caçar humanos ao acaso! Lá, vendem-se armas em qualquer lugar, como aqui se vende refrigerante. Por trás do moço de Aurora há mais de dois séculos de violência habitando o inconsciente coletivo. As centenas de milhares de civis mortos em Hiroxima e Nagasaki pelas bombas atômicas dos EUA compõem o quadro moderno da violência em que matar não é crime, mas “defesa”. Na África e no Oriente, diferentes governos e empresas dos EUA alimentam a morte vendendo armas e fomentando a rivalidade entre grupos étnicos.

Os EUA tornaram-se superpotência especializando-se na arte de matar e destruir. A bomba de nêutrons foi a simbiose do militarismo e do capitalismo: mata as pessoas, preservando os bens, como se isso servisse aos mortos... Toda a grande pesquisa tecnológica está centrada nas armas e destinada a destruir. Só depois de provada na morte, começa a ser aplicada à vida. Até a internet (a maravilha que aproximou o mundo) nasceu da necessidade de controlar o cosmos na Guerra Fria. A precisão da eletrônica, dos foguetes teleguiados que percorrem de um a um os cômodos de uma casa, desenvolveu-se para destruir. Foi provada, primeiro, na Guerra do Golfo e, anos depois, ampliada no Afeganistão e no Iraque.

Nem essa sofisticação, porém, evita que centenas de milhares de civis, crianças inclusive, sejam mortos pelas tropas dos EUA nesses dois países, por “erro técnico” ou simples “vingança”. Ninguém é responsabilizado por isto.

Na era moderna, a tecnologia é que mata. O combate corpo a corpo, à baioneta ou fuzil, é velharia da Segunda Guerra ou, hoje, coisa de africanos e asiáticos. Agora, aperta-se um botão e se cumpre o que o computador ordena diretamente da White House ou do Pentágono. Matam-se civis “em defesa” dos que guerreiam.

Tudo parece magia, como nas andanças de Batman. O selo do poder faz de quem mata um herói. Por que pensar, então, que o mocinho de Aurora é só um demente? Por que não pensar, também, que a História do seu país lhe serviu de guia e que, na loucura, nem veja que escureceu a luminosidade da aurora?

 
 Flávio Tavares - Jornalista e escritor

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Minha maldição


Eu penso demais, talvez está seja minha maldição. Estou cansada, exausta de ser assim... alguém que sempre analisa os outros, tenta ajudá-los na esperança de os torná-los melhor e, na maioria das vezes, sempre acaba se decepcionando. Eu perco muito tempo da minha vida me preocupando com os outros e ao mesmo tempo eu não recebo essa mesma preocupação em troca, pelo menos não da maneira que eu gostaria que fosse. Adoraria que tivesse alguém assim comigo, querendo o meu melhor e zelando pelo meu bem continuamente. Sou alguém carente de afeto, de atenção... acredito que todos nós sejamos assim, mas alguns tem isso em menor ou maior grau... eu, certamente, me encaixo na segunda opção. Não é nada legal ser assim, pois nem sempre aqueles que desejamos que esteja ao nosso lado para nos ouvir estará. Qual a alternativa daí? Na grande parte das vezes eu acabo deixando de lado o que sinto, guardando pra dentro de mim até esquecer. Acredito que isso explica o fato de eu acabar me preocupando mais com os outros do que comigo mesma, pois, enquanto eles tem a mim como opção para se refugiar e pedir auxílio, eu não tenho tantas opções assim e, acredite, não é nada bom ter a poucas pessoas a quem contar com a ajuda.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Palavras que dizem muito

“Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral... Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e impulsiva . Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.”  
Martha Medeiros